sábado, 3 de abril de 2010

O ambiente virtual e a construção da identidade

Os estudos sobre identidade não são recentes. Desde os meados do século XVI, já
havia uma preocupação, principalmente pelas correntes filosóficas, em analisar o indivíduo e o seu ‘eu’. Esses estudos estavam basicamente voltados para uma identidade mais individual.Era uma abordagem sobre a essência do eu humano, sobre a visão que cada um tinha de si mesmo.
O estudo de identidade, numa perspectiva mais moderna, apresenta uma concepção
fragmentada do ‘eu’. É a identidade formada pela aproximação de vários outros ‘eus’.
Considerando essa identidade coletiva, em que o homem se reconhece pertencente a
um grupo, a uma região, a uma cultura, com a globalização, muitas dessas marcas de
pertencimento passam a ser afetadas. Esse fenômeno, que teve como principal motivo o
desenvolvimento econômico, tem atingido áreas como a cultura, a língua, e uma série de outros elementos que serviam como parâmetros para percepção de uma identidade.
Em um processo simultâneo a essa globalização, surge o grande desenvolvimento da tecnologia midiática, que propicia, de forma eficaz, que esse indivíduo viva elementos diferentes do mundo inteiro. As contribuições de alguns elementos da modernidade têm sido responsáveis pela formação cada vez mais fluida da identidade do homem: um indivíduo que tenta expressar (implícita ou explicitamente) características que deem a entender o que realmente é, ou o que quer que os outros pensem que ele é.
É nesse cenário conflituoso de identidade que surge a Internet. À medida que o
domínio dessa ferramenta vai se cristalizando na sociedade, maior instrumento de
representação de diversas identidades passa a ser.
Não querendo entrar em pormenores, mas sabemos que o esforço para alcançar um
sujeito com padrões estabelecidos, manifestados através do poder (financeiro, físico, status)tem sido o ponto de conflito na construção de uma identidade autêntica. Por esse motivo, a necessidade de criar um indivíduo ‘ideal’, passa a suscitar inúmeras estratégias de adequação.
Entre os elementos caracterizadores do chat, os nicknames, ou nicks apresentam uma
significação que vai além de uma estrutura formal. Grosso modo, sua função, seja qual for a categoria do chat, é identificar o participante daquele bate –papo. É reconhecido como nick, por ser uma espécie de apelido com o qual o interactante deseja ser reconhecido. Se, a princípio, o nick servia apenas como uma identificação disfarçada, para ‘preservar a face’ do sujeito, conforme a apropriação da ferramenta por esse usuário e o desenvolvimento dos mecanismos tecnológicos, outras atribuições foram acrescentadas ao nick. Marcuschi ( 2004,p. 44) já indicava a importância do estudo dos nicks em chats.Este aspecto etnográfico merece estudo específico, porque revela uma importante faceta oculta de nossa sociedade contemporânea reprimida e que agora aflora no anonimato das salas de bate-papo. Seguramente esses nomes não são gratuitos e têm um ‘valor discursivo’ (...)
Considerando que a ‘aparência ’numa sala de bate-papo estará vinculada à sua
descrição verbal de si mesmo, o nick passa a ser a primeira impressão que se quer dar de si.
Essa manifestação de sua imagem para o outro, num chat aberto, será determinante para
despertar o interesse,de acordo com a sala de que participa.
Anelilde LIMA - UFPE (Fragmentos de texto)
http://www.ufpe.br/nehte/hipertexto2009/anais/a/a-construcao-da-identidade.pdf

O sujeito no Orkut apresenta a imagem de si por meio da autodescrição, mas também por meio de outros recursos, como fotos, relação dos amigos, recados postados, comunidades das quais o sujeito participa e os depoimentos a seu respeito. A construção da imagem de si na rede de relacionamento depende não só do discurso do sujeito, mas também da sua relação com o Outro, que contribuirá para confirmar ou negar a imagem pretendida pelo usuário.
Angela Valéria Alves da SILVA (UFPE)
http://www.ufpe.br/nehte/hipertexto2009/anais/a/a_construcao_de_imagens.pdf

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